sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O AMOR ROMÂNTICO É UM MITO


A propaganda mais eficaz e poderosa do mundo não é a Coca Cola, não é de marca de cigarros, não é de marca de cerveja e nem tampouco qualquer outro produto comercial.


Nada causa tanta euforia quanto a propagação do mito do amor romântico. A propaganda é difundida nas lendas populares, na literatura, na música, no cinema e na TV. Quantas são as novelas que retratam com veemência esse sentimento que parece vir de dentro da alma e invade os corações apaixonados. O casal se encanta, se enamora e traçam os ideais de um planejamento comum, de uma vida a dois, pois se ambos se completam devem morar juntos e serem felizes para sempre.


Tristão e Isolda é uma lenda medieval, uma das maiores histórias de amor já concebidas pelo imaginário popular. Tristão, um dos cavaleiros da Tavola Redonda, foi encarregado de ir à Irlanda pedir, para seu tio Marcus, o rei de Cornualha, a mão de Isolda, filha do Rei da Irlanda. No caminho, por engano, eles bebem uma poção mágica que desperta em seus corações uma paixão eterna e irresistível. Abandonado por seu amor anterior, Tristão esforça-se para conceber Isolda, porém, não consegue por ser um amor proibido, era a prometida ao Rei, seu tio. Ele vai se definhando ao sentir abandonado e sem mais forças morre. Isolda tentava ir ao seu encontro, mas acaba chegando tarde. Isolda vê o corpo do amado, beija-o na boca, deita-se ao seu lado e morre. Ele são sepultados em duas lápides separadas, mas na tumba de Tristão brota um espinheiro que une à tumba de Isolda.


A história mais famosa de amor, Romeu e Julieta é parecida. Dois jovens adolescentes se apaixonam, mas suas famílias são rivais uma da outra, no final, não podendo se separarem acabam suicidando.


Nesses dois exemplos clássicos do amor romântico, o que nos mostra é a necessidade de que um sentimento mágico nos alimente. O amor romântico precisa de obstáculo para transpor. Quanto mais proibido mais apaixonado ele se torna. Se não tiver obstáculo, ele morre por falta de alimentação. A paixão que move o amor romântico acaba.


O amor romântico não é construído na relação com a pessoa real, mas sim da imagem que se faz dela, trazendo a ilusão do amor verdadeiro. Nada pode unir tanto duas pessoas como a fusão romântica. A questão é que por mais encantamento e exaltação que cause num primeiro momento, ela se torna opressiva ela se torna opressiva à nossa individualidade. 


 

Vivemos um período de grandes transformações no mundo e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose com o parceiro e o desejo de liberdade. É inegável que a fusão que o amor romântico propõe é extremamente sedutora. Que remédio melhor poderia haver para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com outra pessoa?


Em um mundo pós moderno, globalizado, em que tudo acontece muito rápido, de contatos rápidos, de bens descartáveis, em que a próxima tentativa – ou o próximo clique – pode trazer resultados melhores que os obtidos até então, torna-se frustrante viver um relacionamento plenamente satisfatório. É certo que nunca houve uma liberdade tão grande na escolha dos parceiros, aliadas a uma gama enorme de formas de relacionamentos, entretanto, inúmeros são os casais que se sentem ansiosos para reverter ou rever os rumos da relação.


O amor romântico é o modelo ideal que predomina no ideário coletivo, como afirma Flavio Gilkovate, psicoterapeuta brasileiro: 
"Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva" .

2 comentários:

Nara disse...

Deus, pobre de mim nesses tempos pós-modernos.rs

Verinha disse...

"Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva" .


meu sonho :( rs.

Parabens pelo texto Kadu... como sempre... show d bola.